Assim como ocorreu nos jogos do Brasil em Fortaleza (CE) e em Belo Horizonte (MG), a partida final da Copa das Confederações deverá ser marcada por atos de rua. A previsão é de protestos durante todo o domingo (30) — duas concentrações estão sendo convocadas: às 9 horas e às 15 horas, ambas na Praça Saens Peña, na Zona Norte do Rio.
O local fica a 1,5 quilômetro do Maracanã, estádio onde às 19 horas Brasil e Espanha entram em campo para decidir quem fica com a taça. As obras de reforma do estádio, iniciadas menos de cinco anos após as que preparam o local para o PAM, vêm sendo alvos de denúncias e protestos. A rigor, o acordo firmado pelo governo brasileiro com a Fifa, a federação mundial de futebol, autoriza a entidade a ‘determinar’ até o bloqueio do acesso dos manifestantes à praça.
O acerto dá praticamente poderes de estado à Fifa, que é uma entidade privada, num raio de até dois quilômetros no entorno dos estádios. Mas, em alguns jogos, a área sob controle dos cartolas da federação de futebol foi ampliada para três quilômetros. As tropas policiais que atuam na repressão às manifestações ficariam, durante as partidas, sob o comando da Fifa. O governo estadual divulgou que colocará nas ruas seis mil policiais para conter os protestos — número similar ao de Belo Horizonte, que contou com o reforço da Força Nacional, enviada aos estados que sediam a Copa das Confederações para ajudar na repressão aos protestos pela presidenta Dilma Rousseff (PT).
As manifestações estão sendo convocadas pela Frente Nacional dos Torcedores, movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos de esquerda. Na plenária popular realizada em frente ao Instituto de Filosofia da UFRJ, na terça-feira (25), cerca de quatro mil participantes decidiram convocar o ato para as 15 horas — sem deixar de declarar apoio ao protesto que começará pela manhã.
Na passeata que reuniu entre dez mil e 12 mil pessoas na quinta-feira (27), no Centro do Rio, em muitos momentos o ato de domingo foi lembrado. “Maraca não privatiza”, defenderam em coro os manifestantes. O protesto também teve cartazes nos quais se pedia escolas e hospitais públicos no “padrão Fifa”. Cartazes com mensagens irônicas – como “matricule seu filho num estádio” ou “se você passar mal, procure um estádio” — também têm sido comuns nos protestos.
As obras do Maracanã começaram orçadas em R$ 600 milhões, já estão em R$1,2 bilhão e a previsão é de que cheguem a R$1,3 bilhão. Está prevista a demolição de dois complexos esportivos históricos para construção de estacionamentos para carros, que serão entregues a empresas privadas: o estádio de atletismo Célio de Barros e o parque aquático Júlio Delamare, que já estão fechados. (informações do Sindsprev-RJ)