O governo do estado decidiu doar quase a metade dos 1.550 equipamentos cadastrados do Hospital Central do Iaserj a duas ONG’s. A informação foi dada pelo superintendente de serviços da Secretaria de Saúde, Alexandre José Nascimento, na audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Representando o secretário de Saúde, Sergio Côrtes, ele disse que os equipamentos são inservíveis e serão doados às organizações não-governamentais “Filhos da Terra” e “Rio Solidário”. A notícia causou reação imediata na audiência, ocorrida no dia 30 de novembro e convocada para tratar da decisão do governador Sérgio Cabral Filho de desativar a unidade central do Iaserj e implodir o complexo de 19 edificações onde ela funciona, na av. Henrique Valadares, na Cruz Vermelha.
O superintendente de serviços disse que foram cadastrados 1.550 equipamentos no hospital, sendo 718 considerados obsoletos ou com problemas que os tornam ‘inservíveis’. O custo para o seu reaproveitamento, tentou explicar após os protestos, não seria economicamente viável. “Se eram inservíveis para que as ONG’s querem?”, protestou alguém da plateia.
Um médico disse que com equipamentos que foram considerados inservíveis o setor de fisioterapia fazia dois mil atendimentos, embora esses números pudessem ser bem superiores se a aparelhagem fosse de ponta. Já o deputado Paulo Ramos, que convocou a audiência a pedido das entidades sindicais, disse que fará um requerimento à Secretaria de Saúde solicitando o detalhamento de todas essas máquinas. “Considerar inservível é algo que combina com demolir”, disse.
A servidora Mariléa Ormond, da associação dos funcionários do Iaserj, pediu que fossem também requeridas informações sobre o destino de aparelhagens que teriam sido transferidas para o Hospital Pedro II, que está fechado para obras sem prazo para ser reaberto, e o Hospital dos Bombeiros.
A dimensão do questionamento a cerca do destino dos equipamentos reflete as denúncias de falta de transparência no processo de desativação do Iaserj, instituto dedicado a atender aos servidores estaduais. A área de 14 mil metros quadrados onde se encontram as edificações da unidade será doada ao Inca (Instituto Nacional do Câncer).
Servidores estaduais organizam um movimento de resistência a essas medidas. Dentre as atividades já marcadas está a Ceia da Miséria, no dia 8 de dezembro, a partir das 10 horas, no pátio principal do hospital. (informações do Sindsprev-RJ)