Diretor nacional do Sindicato dos Trabalhadores do IBGE, Luis Almeida Tavares diz que há tempos o instituto passa por um processo de “desmonte”. Com quase 80 anos, o órgão responsável pelo levantamento das informações estatísticas oficiais do país vem sofrendo os efeitos da “terceirização” de mão de obra. Segundo Tavares, 43% dos atuais 10,6 mil funcionários do IBGE são temporários. Como eles podem exercer a função por no máximo três anos, a consequência é que não chegam a ter tempo de adquirir experiência. E o trabalho do IBGE perde qualidade, diz Tavares.
O problema não tem sido resolvido nem com os concursos públicos. “A carreira não é mais atraente”, afirma Cleiton Batista, coordenador paranaense do Sindicato de Trabalhadores do instituto. Segundo ele, muito dos aposentados do IBGE acabam permanecendo nas funções em troca de bônus. “Mas eles podem sair a qualquer momento”, diz. No Paraná, o órgão conta com 207 servidores ativos e 227 contratados temporariamente.
Além dos problemas com pessoal, o IBGE vem sofrendo com o corte de 50% no orçamento do Ministério do Planejamento, ao qual é vinculado. Ao menos duas pesquisas foram adiadas em função dos cortes: a Contagem Populacional, realizada no intervalo entre os Censos Demográficos; e a Pesquisa de Orçamentos Familiares. “Todo planejamento fica afetado sem esses dados”, aponta Batista. A Contagem, por exemplo, interfere diretamente no cálculo do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
A reportagem entrou em contato com o IBGE, mas a assessoria de imprensa do instituto informou que não poderia dar um retorno a tempo.
ERRO DO IPEA — A recente constatação de um erro crasso num levantamento também afetou a imagem de outro centro nacional de estudos: o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), cujo os dados servem de base para formulação de políticas públicas. Na semana passada, a instituição admitiu erros na divulgação da pesquisa sobre tolerância social à violência contra mulheres. Inicialmente, o estudo indicava que 65% dos brasileiros apoiavam a agressão a mulheres que usam roupas curtas. Na verdade, 26% deram essa resposta. (informações da Gazeta do Povo)