De cargo almejado por grande parte da população a vilão das finanças do país. Essa foi a trajetória pela qual passou o servidor público brasileiro nos últimos anos.
Alguns setores da sociedade, conduzidos por interesses políticos e econômicos, tentam convencer a população de que não há espaço para esses funcionários em uma agenda dominada pelo ajuste fiscal e pelo corte indiscriminado de recursos.
Nessa visão, não haveria lugar para o reconhecimento do trabalho de servidores que vencem as dificuldades diárias para garantir à população os serviços mais essenciais, da educação à Justiça. Para eles, só poderia acessar direitos ou serviços quem puder pagar por eles. E para isso se escoram no frágil conceito de meritocracia, como se todo cidadão tivesse as mesmas oportunidades em sua história de vida.
Não à toa, diversos projetos estão em tramitação com o objetivo de acabar com os concursos públicos, permitir a redução da jornada e dos salários dos servidores e dar fim à estabilidade no funcionalismo público (que facilitaria a demissão motivada por perseguição política e ideológica).
Essa ofensiva não acontece apenas na retirada de direitos. Para justificá-la, setores políticos sem compromisso com o bem-estar dos brasileiros decidiram “fabricar” inimigos.
Foi com esse objetivo que nasceu uma constante campanha difamatória contra os servidores, amparada diariamente nos principais veículos de comunicação do país e nas redes sociais. De acordo com essa narrativa, somente o fim do funcionalismo público pode acabar com todos os “males” do país.
O objetivo final, na verdade, é acabar com o funcionalismo público. Mas engana-se quem pensa que esse projeto é benéfico para a população.
Essa verdadeira fixação pela privatização e pela redução das responsabilidades sociais do Estado vai custar muito caro ao Brasil. Diferentemente de outros países mais ricos e desenvolvidos, vivemos em um dos países mais desiguais do mundo, onde os serviços públicos possuem papel fundamental na redução dessas desigualdades.
Além disso, a história já comprovou que a privatização de serviços pode trazer prejuízos imensos à população. Diversos países considerados mais desenvolvidos reestatizaram serviços que haviam perdido qualidade depois de privatizados ou que se tornaram muito mais caros para a população (porque isso afeta diretamente a qualidade de vida das pessoas).
Então quem iria se beneficiar se o Estado deixasse de atender a população? Por que negar às pessoas, especialmente àquelas em situação de fragilidade, acesso a serviços importantes?
Os investimentos sociais em educação, saúde e segurança estão congelados. Os salários dos servidores permanecem estagnados. Que deficit é esse que nunca acaba?
Ao final, esse é o projeto de Estado mínimo tão defendido pelas elites financeiras, políticas e econômicas: mínimos direitos aos cidadãos.
Fonte: Sindjustiça-RJ