COP-16: DESASTRE AMBIENTAL E SOCIAL
[Sérgio Domingues*] Longe do calor de Cancún, o continente europeu vem batendo os dentes de frio. Também vem sofrendo solavancos econômicos que provocam o ranger dos dentes de milhões de trabalhadores e estudantes.
Temperaturas que chegam a 40 graus negativos. Quase 50 centímetros de neve. Estradas, aeroportos e ferrovias paralisados. Centenas de mortos. Já se fala no pior inverno europeu das últimas três décadas. Meses depois do que se considerou um dos piores verões.
Enquanto isso, em Portugal, a maior greve geral de sua história. Na Inglaterra, os estudantes protestam nas ruas diariamente. O mesmo ocorreu na França há pouco. Os irlandeses também começam a se revoltar. O alvo são medidas governamentais que reduzem salários, aumentam mensalidades escolares, inviabilizam aposentadorias, cortam direitos.
É a crise que continua a abalar a Zona do Euro. Em nome do combate a ela, a maioria da população é punida. Os verdadeiros responsáveis pela crise nada sofrem e ainda recebem ajuda. Desde 2008, na Grécia, ondas de lutas se sucedem. Muito antes disso, ondas de frio e calor abalam o planeta.
As tragédias climáticas e os desastres sociais são produto do mesmo sistema. O capitalismo atinge novos e piores níveis de desequilíbrio em sua busca cega por lucros. Invade cada canto do planeta. Afeta leis naturais. Ameaça a vida em suas várias formas.
A Conferência da ONU sobre Mudança Climática (COP-16) está em andamento no México. Reúne representantes dos principais responsáveis pelo colapso ambiental que vivemos. Únicos causadores das crises sociais. Por isso, não vão chegar a qualquer acordo que interesse à maioria da população mundial.
* Sociólogo, escritor e coordenador do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC)