O movimento sindical e social de Volta Redonda, no Sul Fluminense, vai promover nesta sexta-feira (9/11) um ato público em homenagem aos três metalúrgicos assassinados pelo Exército no terceiro dia da histórica greve dos trabalhadores da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), iniciada há exatos 24 anos, no dia 7 de novembro de 1988.
O evento será realizado a partir das 7h na Praça Juarez Antunes, junto ao Memorial 9 de Novembro, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer para homenagear os três metalúrgicos mortos: William Fernandes Leite, Valmir Freitas Monteiro e Carlos Augusto Barroso. Exposição de fotos da greve (às 7h), atos ecumênico e político (a partir das 9h) e um abraço simbólico ao Memorial (às 10h30) fazem parte da programação.
“O ato do dia 9 de novembro é um compromisso anual do movimento sindical e popular da cidade para que a história não seja esquecida. Na época, várias categorias se uniram para apoiar a luta dos metalúrgicos da CSN. Os assassinato dos três companheiros foi um dos últimos suspiros que a direita teve na tentativa de amedrontar a classe trabalhadora”, diz trecho da nota de convocação do ato.
A GREVE — No dia 7 de novembro de 1988, os metalúrgicos da CSN, em Volta Redonda, entraram em greve e ocuparam a usina. A greve tinha como principais reivindicações a readmissão dos trabalhadores demitidos por perseguição política, a redução de 8 para 6 horas da jornada de trabalho para as atividades ininterruptas e reajuste salarial.
Na noite de 9 de novembro, o então presidente da República José Sarney autorizou o exército a invadir a fábrica, sob o comando do general José Luiz Lopes. Soldados do Exército, vindos de Valença e Petrópolis, e do Batalhão de Choque da Polícia Militar dispersaram uma manifestação pública pacífica que acontecia em frente ao Escritório Central da CSN, transformando o Centro da Vila Santa Cecília em um verdadeiro campo de batalha.
Os militares invadiram a fábrica, atirando nos operários. Dezenas de trabalhadores foram feridos e três foram mortos: William Fernandes Leite, de 22 anos; Valmir Freitas Monteiro, de 27 anos; e Carlos Augusto Barroso, de 19 anos. Após o assassinato destes três operários, os trabalhadores continuaram a sua greve até a conquista de suas reivindicações e a retirada do Exército da cidade, o que aconteceu em 23 de novembro.
No dia 1º de maio do ano seguinte foi inaugurado o Memorial 9 de Novembro, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, em homenagem aos três operários assassinados. Mas este monumento também foi alvo de uma violência: um atentado com bomba derrubou o Memorial na madrugada após sua inauguração, ficando este tombado para frente, apenas preso pelo ferro da armação. Niemeyer fez questão de reinaugurar o Memorial, mantendo as marcas da violência, apenas erguendo o que foi derrubado, para que estas marcas ficassem para sempre em nossa memória e para mostrar que podemos ser derrubados, mas sempre iremos nos reerguer. (com informações do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense)