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OPINIÃO: AVANÇAR DA GREVE PARA O CONTROLE DO TRABALHO

[Sérgio Domingues*] Em 08/05, aconteceram várias greves de motoristas e cobradores em grandes cidades brasileiras. Rio de Janeiro, Florianópolis, Campinas e o grande ABC amanheceram com poucos ônibus circulando.

Diante do desgaste causado pela falta de transporte, muitos sugerem medidas alternativas à simples paralisação do serviço. Uma delas seria a circulação dos ônibus sem a cobrança de passagem.

Trata-se de uma boa proposta, sem dúvida. Mas ela implica controlar o trabalho. Não apenas paralisá-lo. Em seu texto “A Dinâmica dos Movimentos de Massa”, o marxista inglês Colin Barker lembra momentos em que algo semelhante aconteceu.

Em 1919, Na Greve geral de Seattle, Estados Unidos, os caminhões só circulavam com autorização dos comitês de trabalhadores. O abastecimento na cidade não foi interrompido, mas somente ocorria sob o controle dos grevistas.

Na Polônia, em 1980, os bondes e trens de Gdansk circulavam com cartazes que diziam: “Ainda estamos em greve, mas estamos trabalhando para facilitar sua vida”. Os serviços de taxi ficaram sob o controle do comitê de greve. As fábricas de conservas, também.

Segundo Barker: ”O significado potencial de tais desenvolvimentos é imenso, pois envolvem novas formas de poder popular, com organismos de trabalhadores começando a assumir o controle do transporte e da distribuição de alimentos.”

O problema é que são medidas que exigem um nível de organização e conscientização que o movimento sindical tradicional dificilmente alcança. Ao contrário, a greve dos motoristas cariocas, por exemplo, foi feita contra a vontade do próprio sindicato da categoria.

Para chegar a controlar seu próprio trabalho, os trabalhadores precisam fugir ao controle das direções pelegas de seus sindicatos.

* Sociólogo, escritor e coordenador do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC).

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