Os serventuários do Judiciário estadual completaram 40 dias de greve, justa e legal, em defesa dos seus direitos, assegurados pela Constituição. Desde o início do ano temos buscado negociar, mas, nem o governo estadual, nem o Legislativo se dispuseram a agilizar o atendimento do nosso reajuste, que deveria vigorar desde maio passado.
A persistência do impasse não cabe a categoria, mas sim aos três Poderes (Judiciário, Executivo e Legislativo) que, até agora, não se entendem da necessidade em cumprir suas obrigações com os serventuários. Por isso, consideramos, no mínimo, inadequada a posição do presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, ao nos incluir em suposta dívida com os cidadãos que recorrem à Justiça.
Essa cobrança cabe sim, aos três Poderes do Estado, que, no final, são os responsáveis por tal situação. Vindo de alguém que já prestou seus serviços à nossa entidade, tal admoestação é incabível. Se o alegado impasse perdura, o presidente da OAB-RJ sabe que não nos cabe qualquer culpa. Mesmo porque, em sua tentativa de intermediar uma solução com o sindicato, constatou, pessoalmente, a indisposição governamental em resolver a questão.
Se o Legislativo, legislar, o Executivo, executar e o Judiciário fazer cumprir a lei, como em qualquer democracia séria, tudo estará resolvido. Que neste dia 5 (quarta-feira) os deputados aprovem nosso reajuste na íntegra, ou seja, 7,3% retroativos a maio, data-base da categoria. E que o governador o sancione, imediatamente. Se isso não acontecer, não só o presidente da OAB-RJ, mas também os cidadãos prejudicados saberão a quem cobrar a dívida.
— Artigo de Amarildo Silva, presidente do Sind-Justiça, publicado no jornal O Dia de 4 de novembro.