Um terço do poder de compra a menos. Essa é a realidade dos servidores do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ).
Há quase seis anos sem reposição da inflação nos seus vencimentos, esses profissionais amargam uma perda salarial de 37%. Tamanha desvalorização é incompatível com a eficiência desses funcionários, que garantem mais acesso da população fluminense à Justiça.
Apesar de o TJRJ ser eleito pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) como o mais produtivo do país nos últimos 10 anos, os serventuários vivem com o descaso das autoridades e também são alvo de campanhas difamatórias de setores políticos e de parte da imprensa, que não economizam insultos quando se referem servidores. “São privilegiados”, dizem alguns jornalistas em rede nacional.
Difícil entender como perder um terço da qualidade de vida em cinco anos pode ser vista como privilégio por alguém.
Os servidores do TJRJ lutam há meia década contra o achatamento de seus salários. Eles não têm a reposição salarial anual garantida pela data-base, um direito com o qual os trabalhadores da iniciativa privada podem contar.
O poder público e certos setores da sociedade, cumprindo uma determinada agenda política e econômica, insistem em dizer a correção dos salários do funcionalismo desrespeitaria o Regime de Recuperação Fiscal do Rio de Janeiro, mas essa afirmação não faz sentido. Trata-se de reposição salarial, e não de aumento.
Os mesmos que apontam o dedo para os funcionários públicos e querem que lhes sejam negados direitos curiosamente não tratam da mesma forma os casos de corrupção e improbidade (os verdadeiros responsáveis por conduzir o estado do Rio de Janeiro ao caos fiscal em que se encontra) e nem os interesses nada republicanas que marcam muitas vezes a relação entre público e privado.
A verdade é que no Judiciário a Justiça fica da porta para fora: enquanto atendem com eficiência as demandas dos cidadãos fluminenses, mesmo com muitas limitações estruturais, os servidores do TJRJ são, eles mesmos, vítimas de uma injustiça gritante.
A luta pela data-base, ou seja, pela negociação salarial regular, não é uma questão meramente política ou salarial. Trata-se de justiça e do reconhecimento mínimo da importância do trabalho prestado por esses servidores.
Fonte: Sindjustiça-RJ