A maior parte das mulheres atendidas pela rede pública de saúde que preenchem a ficha de notificação obrigatória de violência doméstica foi vítima de alguma agressão física. Essas mulheres têm entre 20 e 39 anos e o agressor, quase sempre, é o companheiro. Esses dados são do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e foram apresentados pela assistente social Georgia Cordeiro, da área técnica de Ações contra a Violência da Secretaria de Estado de Saúde, nesta quarta-feira (20/05), em reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) destinada a investigar as causas da violência contra a mulher no Estado.
Segundo Georgia, a Secretaria notificou 29 mil casos de violência doméstica contra a mulher e 77% dessas mulheres sofreram agressão física. Com relação ao estado civil, as mulheres solteiras são as maiores vítimas de violência, chegando a 35%. “Muitos casos de violência contar a mulher não chegam até a Saúde. Há ainda uma pequena subnotificação, mas aquilo que temos como registro mostra que a violência física é a que tem maior notificação e, em termos de violência sexual, o estupro é o agravo que aparece em maior número”, disse Georgia.
Presidente da CPI, deputada Martha Rocha (PSD) contou que verificou alguma semelhança dos números da Saúde com os números apresentados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) e defendeu a humanização do atendimento à mulher na rede pública de saúde. “Não é apenas preencher uma ficha técnica que vai fazer parte de um banco de dados. É o atendimento dessa mulher no sentido de que ela se sinta um sujeito de direito, e que esse atendimento contribua para o seu fortalecimento”, defendeu a parlamentar.
O coordenador da Área Técnica da Saúde da Mulher, Criança, Adolescente e Aleitamento Materno da Secretaria de Estado de Saúde, Egberto Porto Nogueira, disse que há uma mudança de paradigmas e também defendeu que a mulher seja melhor recebida nas unidades de saúde. “Hoje, as mulheres denunciam, expõem as suas vidas e, por isso, é importante que se trabalhe com sensibilidade e amor. Quando as mulheres te procuram estão com alguma mazela e o profissional de saúde não pode se esquecer disso. Estamos enfrentando novamente uma mudança. Hoje, a gente vê o aumento das notificações, as pessoas já não têm vergonha de dizer que são agredidas e de enfrentar esses agressores. Esse é um movimento importante para a mulher e para a sociedade como um todo”, disse Nogueira. (informações da Alerj)