O objetivo do Outubro Rosa é alertar a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e, mais recentemente, sobre o câncer de colo do útero.
No Brasil, excluídos os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o mais incidente em mulheres de todas as regiões, com taxas mais altas nas regiões Sul e Sudeste. A estimativa é de 73.610 casos novos em 2023, o que representa cerca de 42 casos por 100.000 mulheres.
Como medidas que podem contribuir para a prevenção primária da doença, estimula-se praticar atividade física, manter o peso corporal adequado, adotar uma alimentação mais saudável e evitar ou reduzir o consumo de bebidas alcoólicas. Amamentar é também um fator protetor.
Sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama e de referência urgente para a confirmação diagnóstica:
- Qualquer nódulo mamário em mulheres com mais de 50 anos.
- Nódulo mamário em mulheres com mais de 30 anos, que persistem por mais de um ciclo menstrual.
- Nódulo mamário de consistência endurecida e fixo ou que vem aumentando de tamanho, em mulheres adultas de qualquer idade.
- Descarga papilar sanguinolenta unilateral.
- Lesão eczematosa da pele que não responde a tratamentos tópicos.
- Homens com mais de 50 anos com tumoração palpável unilateral.
- Presença de linfadenopatia axilar.
- Aumento progressivo do tamanho da mama, com a presença de sinais de edema, como pele com aspecto de casca de laranja.
- Retração na pele da mama.
- Mudança no formato do mamilo.
(Fonte: Inca – Instituto Nacional de Câncer)
ENTREVISTA
Câncer de mama tem vários fatores que contribuem para desenvolver a doença
O Outubro Rosa é uma das maiores campanhas de conscientização do mundo. Para reforçar a importância da prevenção ao câncer de mama, o Sind-Justiça entrevistou a médica oncologista Viviane Miorim Dantas, que abordou pontos importantes a serem destacados quando o assunto é prevenção ao câncer de mama. Confira a seguir.
– Qual a importância do Outubro Rosa?
O Outubro Rosa é uma campanha mundial de conscientização sobre o câncer de mama, e é na conscientização mesmo que reside sua importância. A campanha surgiu em 1990, quando o laço cor-de-rosa foi lançado pela Fundação Susan Komen for The Cure. Na ocasião os laços foram distribuídos aos participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova Iorque, e que ocorre anualmente desde então. O movimento foi crescendo e os Estados Unidos instituíram outubro como o mês da conscientização nacional sobre o câncer de mama. No Brasil, a primeira ação ocorreu em 02 de outubro de 2002, com a iluminação do Obelisco do Ibirapuera, em São Paulo.
– Quais são os sintomas mais comuns do câncer de mama?
O sintoma mais comum do câncer de mama é a presença de um nódulo, na maioria das vezes indolor e endurecido. Mas outras manifestações clínicas também podem ocorrer, como edema da pele (inchaço) da mama, mesmo que na ausência de um nódulo; abaulamento de uma parte da mama; inversão do mamilo; hiperemia (vermelhidão) da pele; espessamento ou retração da pele ou do mamilo; descarga papilar sanguinolenta ou em água de rocha (transparente) pelos mamilos e linfonodos axilares aumentados.
– E os fatores de risco?
O câncer de mama é multifatorial; não tem uma única causa. Vários fatores podem aumentar o risco de desenvolver a doença, como a questão da idade, pois mulheres mais velhas, em especial acima de 50 anos, podem adoecer devido ao acúmulo de estímulos ao longo da vida e às alterações biológicas relacionadas ao envelhecimento. Também há fatores endócrinos relacionados à maior exposição estrogênica, como menarca precoce (primeira menstruação antes dos 8 anos de idade), menopausa tardia (última menstruação após os 55 anos), primeira gestação após os 30 anos, nuliparidade (não ter tido filhos), terapia de reposição hormonal por período prolongado, e fatores ambientais e comportamentais, a exemplo da obesidade e do tabagismo, só para citar alguns, além das condições genéticas/hereditárias.
– Quando os exames de diagnóstico são indicados?
Para pacientes com queixas mamárias e/ou alterações no exame físico, os exames são indicados a depender destes achados e, na maioria das vezes, a investigação se inicia por mamografia e ultrassonografia mamária. Para pacientes sem sintomas e exame físico normal, propõe-se o rastreamento por imagem do câncer de mama, o qual é baseado na idade e nos fatores de risco das pacientes. Para mulheres com baixo risco para câncer de mama há a mamografia anual, com técnica digital preferencialmente, entre 40 e 74 anos. Acima de 75 anos, deve-se manter a mamografia anual enquanto a mulher estiver com boa saúde e expectativa de vida de, pelo menos, sete anos. Já a ultrassonografia mamária deve ser realizada a fim de complementar achados inconclusivos à mamografia e, também, para pacientes com mamas densas, pois neste grupo a mamografia tem sensibilidade reduzida e pode ocultar pequenas lesões. A ressonância magnética das mamas é indicada quando estes dois métodos apresentarem achados que mereçam avaliação adicional. Para mulheres com alto risco para câncer de mama recomenda-se mamografia anual, com técnica digital preferencialmente, a partir dos 30 anos, associada à ressonância magnética das mamas. Vale dizer que a mamografia na periodicidade recomendada reduz em aproximadamente 40% a mortalidade por câncer de mama, sendo o único método efetivo na redução da mortalidade por essa doença. A detecção precoce do câncer de mama, antes de se tornar uma lesão palpável, melhora o prognóstico da doença e aumenta as chances de cura.
– Quais hábitos podem ajudar a diminuir os riscos de desenvolver a doença?
Apesar de ser uma doença multifatorial, é recomendável ter uma alimentação saudável, manter um peso adequado, praticar exercícios físicos regularmente, evitar a ingestão de bebida alcoólica mesmo que em quantidade moderada, promover o aleitamento materno, reduzir os níveis de estresse, manter a qualidade do sono e evitar o tabagismo.
