Trabalhadores dos Judiciários estadual e federal, Ministério Público, Procuradoria Geral do Estado, Magistério, Tribunal de Contas do Estado, entre outros setores, uniram-se com o objetivo de demonstrar sua contrariedade a concessão de auxílio-moradia aos membros do MP e do TJ, e ao auxílio-alimentação que estava pautado para ser votado no dia 30 de setembro pelo Conselho da Magistratura do TJRS, mas foi cancelado pela administração. No entanto, para as entidades representativas dos servidores, o ato foi positivo e obteve êxito nesta etapa, de esclarecimento social, inclusive com repercussão na mídia.
Para os manifestantes é fundamental denunciar à sociedade que enquanto a grande maioria dos servidores têm salários achatados e em alguns casos, aviltantes, como os do quadro geral, os próprios professores e a esmagadora maioria dos servidores da Brigada Militar, enquanto os juízes, promotores e procuradores engordam seus contracheques com penduricalhos não só imorais, mas inconstitucionais.
O grupo entende que, para um Estado que não paga o piso aos professores, que concede basicamente a reposição da inflação ao funcionalismo, com o IPE Saúde (plano médico dos servidores) enfrentando grandes dificuldades e deixando muitos trabalhadores e seus dependentes com atendimento precário na saúde, pagar um auxílio-moradia que passa dos quatro mil reais para quem já ganha mais de 20 mil reais por mês soa como um deboche injustificável. Participaram do ato: Sindjus RS, Simpe RS, Sindispge, Sintrajufe RS, UNA-SE, Aprojus, Abojeris, ASJ.
PROTESTO NAS COMARCAS — Diversas comarcas do estado tiveram suas atividades suspensas por algumas horas, devido à adesão dos colegas ao movimento de repúdio aos penduricalhos que a magistratura está pródiga em conseguir para si. Trabalhadores de Tenente Portela, São Luiz Gonzaga, Catuipe, Lajeado, Marau, Santa Maria, Sapucaia do Sul, que não podendo vir a Porto Alegre para o ato desta terça, pararam suas atividades das 13 às 14h, e protestaram em frente aos foros destas comarcas, em decorrência da desvalorização funcional e pessoas da categoria.
“O fim da URV se aproxima, temos mais de dois mil cargos vagos no judiciário, adoecemos pelo volume sobre-humano de trabalho, nossas perdas salariais já ultrapassam 50%, a mesa de negociação do PCS não avança, os limites fiscais e orçamentários são sempre arguidos para nós, servidores. Nossos pleitos de remuneração dos plantões, reajuste do auxílio-alimentação estão estagnados, oficiais de justiça usam seus veículos para cumprirem diligências sem remuneração alguma, entre outras demandas sempre negadas ou proteladas por parte da administração”, lembra Fabiano Zalazar, dirigente do Sindicato. “Precisamos de modo urgente e definitivo sermos reconhecidos não só por palavras, mas por ações por parte do TJRS”.
INDIGNAÇÃO — A oficial escrevente de Carazinho, Marilena Catarina Centenário, manifestou sua indignação frente à postura da magistratura para gestar a causa pública e como funcionário público. Com os últimos privilégios exclusivos à magistratura, Marilena disse aos colegas durante protesto desta terça 30, que entende quais são as perdas que os juízes tiveram nos últimos anos, e que agora embasam os auxílios obtidos de forma administrativa. “Perda de vergonha, perda de dignidade, perda do senso de discernimento, perda de sensibilidade no tocante ao que significa o serviço e o bem público”.
Para Marilena, a magistratura age como se não fosse do setor público, já que juízes não cumprem horário, se valem de seus cargos para obterem vantagens, tratam os servidores com deferência que chegam as vias da humilhação, caracterizando um comportamento que, até, os desabilitariam ao julgamento de processos judiciais. (informações do Sindjus/RS)