Apesar de as estatísticas criminais indicarem redução da violência, o assassinato do desembargador Gilberto Fernandes ontem (25), em Niterói, na região metropolitana do Rio, voltou a provocar aumento da sensação de insegurança. A opinião é do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Niterói, Antonio José Barbosa da Silva.
Em entrevista à Agência Brasil, o presidente da OAB disse que a cidade de Niterói experimenta aumento de “assaltos, roubo de automóveis e ação de pivete”, embora as estatísticas do Instituto de Segurança Pública (ISP), do governo do estado do Rio de Janeiro, demonstrem queda do número de crimes violentos (homicídio, lesão corporal e tentativa de homicídio).
“A cidade está relaxada. Há falta de material humano na polícia, que está voltada para [a cidade d]o Rio de Janeiro. Os ladrões, que não são bobos, migram para Niterói”, acredita. Segundo Silva, a cidade perdeu efetivo policial para a capital, que foi contemplada com ações de pacificação em comunidades consideradas entre as mais violentas.
“A prioridade é sempre o Rio. De fato, a criminalidade lá é dez vezes maior por causa do tráfico, só que os bandido acabaram vindo para cá. Niterói também tem comunidades carentes para eles se abrigarem e, aqui, eles têm que sobreviver, vender drogas, montar o tráfico”, disse o advogado. “A [Secretaria de] Segurança é para todo o todo o estado”.
A sensação de insegurança em Niterói motivou uma reunião da OAB com a cúpula da Segurança Pública e do Tribunal de Justiça do Rio semestre passado. Na ocasião, as autoridades, disse Silva, se comprometeram a aumentar o número de policias e ações de repressão na cidade. “Mas, a gente sente que depois que a pressão da imprensa termina, volta o relaxamento”, diz.
Sobre o desembargador assassinado ontem, Silva José lembrou que o colega era brilhante e atuante. Participava da comissão OAB Vai à Escola, que faz palestras sobre ética e reuniões de orientação profissional para estudantes. “Gilberto era fora de série, era uma pessoa querida, humilde, tinha um histórico importante”, disse, sobre o primeiro desembargador negro do Rio.
De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública, dos seis tipos de crimes mais violentos, entre janeiro e agosto de 2011 e o mesmo período de 2012, em Niterói, houve aumento de casos de estupro, de lesão corporal dolosa e de latrocínio (roubo seguido de morte). Caíram os homicídios, as tentativas de homicídio e de lesão corporal seguida de morte. O total de roubos e furtos também diminuíram este ano.
A Secretaria de Segurança também informou que recente estudo desmistificou a tese de migração de bandidos do Rio para Niterói. O levantamento avaliou o perfil de 600 criminosos presos em Niterói, durante seis meses, após a ocupação das comunidades da Rocinha e do Vidigal, na zona sul do Rio. Do total, 34 eram de fora da cidade. Dentre eles, nenhum chefe do tráfico. (informações da Agência Brasil)