O assédio moral, a exigência de uma produtividade inatingível e as péssimas condições de trabalho reduzem cada dia mais a qualidade de vida dos serventuários. Nesse cenário, a saúde mental da categoria está ficando cada vez mais fragilizada, já que todos os vetores apontam para o adoecimento dos servidores.
A corrosão do bem-estar dos serventuários se manifesta em episódios similares ao que ocorreu com o servidor Sérgio Ricardo de Souza, da Comarca de Duque Caxias. Com férias marcadas e passagens compradas para aproveitar seu merecido período de lazer, teve a sua liberação suspensa pela magistrada, em um nítido ato de assédio moral.
Em estado de surto e fora de si, Sérgio se exaltou, danificou a estrutura do cartório e foi encaminhado ao hospital, onde foi tranquilizado. Ao retornar ao cartório para recuperar seus óculos e seu aparelho auditivo, o servidor foi preso e ficou sob custódia da Polícia. Foi solto sob fiança.
O episódio envolvendo Sérgio não é o primeiro caso em que a pressão, o assédio e a arbitrariedade levaram os serventuários à exaustão psicológica. Outros servidores passaram por essa situação recentemente, indicando que a saúde da categoria está sendo severamente afetada e deve ser tratada como prioridade.
O Sindjustiça-RJ acompanhou toda a situação até o momento da soltura de Sérgio, e está tomando as medidas cabíveis para prestar toda a assistência. Em nome da categoria, a diretoria manifesta solidariedade ao colega e deseja que tudo se resolva o mais rápido possível.
Diretores do sindicato se deslocaram para Caxias para realizar um ato de apoio, junto com a categoria.
Além disso, a diretoria do sindicato conclama toda a categoria a prestar solidariedade ao colega, uma vez que, na conjuntura atual, ninguém está imune a esse tipo de situação. São muitos fatores aos quais os serventuários estão sendo expostos diariamente, e que estão invariavelmente afetando a saúde mental dos membros da categoria.
Precisamos combater o assédio!
A combinação explosiva entre as péssimas condições de trabalho, o autoritarismo e a vigilância excessiva cobra um alto preço da saúde dos serventuários. Os episódios de assédio moral se multiplicam, tornando cada vez mais comum a situação pela qual passou o nosso colega de profissão.
A terceirização, o excesso de estagiários, a precarização cada vez maior, as ameaças de mudanças de regras trabalhistas, a falta de reposição salarial e de valorização, todos esses são fatores que agem como um fantasma sobre todos os servidores do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ).
Somente a união dos serventuários poderá domar a lógica de funcionamento do Tribunal, que, inequivocamente, favorece – e se beneficia – da prática do assédio moral.
Em solidariedade ao colega Sérgio Ricardo de Souza, o Sindjustiça-RJ publica abaixo um poema do serventuário Alexandre Bollman. Que consigamos construir hoje um outro futuro para todos e todas!
UTOPIA SAUDÁVEL PARA UM MUNDO DOENTE
Eu olho o mundo a minha volta
Vejo meus inimigos
Com a taça na mão
Brindando à miséria que espalham
E blindando os que os protegem
E se calam
Eu olho os olhos
Dos que estão ao meu lado
Companheiros
Comemos o pão junto
Só manteiga
Sem mortadela
Ou presunto
Mas nutriam-se de esperanças
Hoje, almas anêmicas
Crises sistêmicas
Não é mesmo possível
Ser saudável
Em um mundo tão doente
Mas sigo em frente
Tenho duas mãos
Uma estendo aos irmãos
A outra, braço forte,
Para unidos a outros braços
(Tantos outros)
Cooperar, alterar essa má sorte
Construir um mundo diferente.
Alexandre Bollmann
Fonte: Sindjustiça-RJ