A Caixa Econômica Federal admitiu ontem que divulgou informações erradas no caso do Bolsa Família, programa que foi alvo de boatos que provocaram uma corrida aos caixas eletrônicos nos dias 18 e 19 deste mês.
A cúpula do banco estatal confirmou que, diferentemente do que havia divulgado, foi feita uma mudança no calendário de pagamento do benefício na véspera da eclosão das falsas notícias em 13 Estados do país. Naquele dia (17), todo o dinheiro do programa foi liberado para saque, sem aviso prévio, contrariando as regras que preveem pagamento escalonado.
Ontem (27), o presidente da Caixa, Jorge Hereda, pediu desculpas pela “informação equivocada” repassada por um dos executivos do banco e afirmou que tinha o dado correto desde o dia 20.
A Caixa vinha sustentando que liberou o dinheiro só após a confusão provocada pelos boatos de que o programa seria extinto ou de que liberaria um bônus relativo ao Dia das Mães. A versão oficial era de que a mudança foi feita para aplacar o pânico.
O banco só mudou a versão na sexta-feira, após a Folha descobrir que uma dona de casa em Fortaleza (CE) conseguiu retirar seu pagamento de forma antecipada já no dia 17. Isso levantou a hipótese de que foi a antecipação imprevista, e não uma ação deliberada e orquestrada, a causa original da confusão, o que a Caixa nega.
“Eu pedi que levantassem todas as informações para eu poder me posicionar. Se eu fosse a público dizer um pedaço só da história, eu seria irresponsável”, justificou Hereda, sobre não ter refeito a versão inicial do banco logo que soube que ela era errada.
“É sabido, tem se falado muito, que a Caixa mentiu. No momento em que estamos vivendo uma crise, o único pensamento que a Caixa tinha era esclarecer as pessoas. Tivemos uma informação equivocada com relação à data que se abriu o sistema e isso gerou uma informação imprecisa da Caixa”, disse.
“Essa imprecisão só se justifica pelo momento que a gente estava vivendo e eu peço desculpa a todos.”
Segundo Hereda, a liberação total se deu porque cerca de 700 mil famílias tinham mais de um NIS (Número de Identificação Social), usado para definir o dia em que a pessoa recebe o Bolsa Família. O governo então decidiu unificar esses números — passou a valer o NIS mais antigo.
A liberação, disse, ocorreu “para garantir que esses beneficiários não estivessem impedidos de buscar os seus benefícios nas datas que usualmente tinham por referência”.
Não houve aviso, disse Hereda, pois ações anteriores similares não teriam resultado em problemas. Segundo ele, a decisão de liberar o dinheiro foi do grupo técnico que cuida do programa, e não passou pela cúpula da Caixa. (informações do jornal Folha de S. Paulo)