As greves acontecem em São Paulo, Santa Catarina, Pará e Paraná. No Paraná, os professores retomaram no dia 25 de abril a greve suspensa em março. O movimento é uma resposta à postura do governo Beto Richa (PSDB), que descumpriu vários pontos do acordo fechado naquele momento. No entanto, o governador continua respondendo à luta dos professores com truculência e repressão. A categoria está em luta contra a tentativa do governo em atacar a previdência dos servidores.
Em São Paulo, a greve completou 61 dias nesta segunda-feira, dia 11. A negociação entre a Apeoesp e a Secretaria de Educação segue com um impasse: o governo se nega a conceder reajuste salarial e a proposta ainda é de aumento zero.
As assembleias da categoria acontecem semanalmente e têm resultado em grandes manifestações, com milhares de pessoas nas ruas de São Paulo. É uma forte demonstração de resistência aos ataques e à intransigência do governo Alckmin (PSDB).
Já em Pernambuco, acuados por pesadas multas impostas pela Justiça, os educadores suspenderam temporariamente a greve após 24 dias. A pausa foi condição do governo do Estado para retomar as negociações.No Pará e em Santa Catarina, os professores estão em greve há mais de 30 dias.
PISO NACIONAL — Instituído por lei federal, o piso nacional para uma jornada de 40 horas subiu neste ano para R$ 1.917, reajuste de 13,01%. Os educadores exigem que o mesmo reajuste seja aplicado nos seus salários.
Em Pernambuco, o governo concordou em oferecer esse porcentual apenas para os docentes com ensino médio, cerca de 10% de um total de 49 mil professores da rede. Profissionais com licenciatura plena e 10 anos de serviço teriam direito a 0,89%. Os demais não receberam qualquer oferta.
Em Santa Catarina, os professores também reivindicam um reajuste de 13,01% para toda a categoria, e não apenas para quem está abaixo do piso nacional.
Em São Paulo, além da pauta salarial, os docentes reivindicam contratação de mais profissionais, redução do número de alunos por sala de aula e reabertura das salas fechadas no último período.
CAOS NA EDUCAÇÃO — As greves que tomam conta do país são uma demonstração de que a educação pública brasileira vive um momento de colapso. No discurso de posse, Dilma Rousseff anunciou que a prioridade do governo seria a educação e declarou que o lema do governo seria: “Brasil: Pátria educadora”. No entanto, os cortes na educação são uma regra geral dos governos, seja em nível federal ou estadual, seja sob governos do PT, PSDB, PMDB, PSB e outros. Já no início do mandato, o corte foi de R$ 7 bilhões do orçamento da educação.
Baixos salários, precarização de direitos, salas superlotadas, falta de materiais básicos nas escolas, como giz ou papel higiênico, são alguns dos graves problemas que fazem parte do dia a dia da categoria. Essa situação afeta de forma profunda a qualidade de ensino no país.
A precarização das condições de trabalho é outro grave problema. Em São Paulo, dos cerca de 200 mil professores da rede, 15 mil são temporários. No ano passado, os temporários eram 57 mil, mas, com o corte de verbas e fechamento de salas determinado pelo governo tucano, 42 mil foram demitidos.
DIA NACIONAL DE PARALISAÇÃO E MANIFESTAÇÕES — Os cortes no orçamento não acontecem somente na educação. Para garantir o lucro dos banqueiros, o governo Dilma vem aplicando uma política de ajuste fiscal que restringe e precariza cada vez mais direito dos trabalhadores, como as MPs 664 e 665 e a lei da terceirização.
Por isso, as centrais sindicais CSP-Conlutas, CUT, CTB, UGT e Intersindical (CCT) estão convocando para o dia 29, o Dia Nacional de Paralisação e Manifestações contra a política de ajuste fiscal do governo e contra a terceirização. O Sintrajud faz parte desta iniciativa.
“Os professores do país inteiro estão dando um exemplo de luta. Agora é hora de unificar as reivindicações e lutas de todos os trabalhadores para barrar os ataques do governo federal aos nossos direitos”, afirma a diretora do Sindicato Raquel Morel de Gonzaga. (informações do Sintrajud-SP)