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LEDA NAGLE: É POSSÍVEL, EU VI!

A saúde pública no Rio é precária. Todo mundo sabe. E as tentativas de melhorar o atendimento são, no mínimo, esquisitas: os médicos de uma unidade de saúde de Mesquita, na Baixada Fluminense, receberam chip para colocar nos jalecos e com isto controlar sua entrada e saída no hospital. O hospital do Iaserj, que funcionava há anos, foi fechado, apesar de protestos inconformados de médicos e enfermeiros.

Os doentes? Removidos durante a madrugada sem nenhum aviso às suas famílias. Quem chegou para visitar o pai ou avó deu, literalmente, com a cara na porta. A Secretaria de Saúde nega. Mas teve até queixa de desaparecimento de doente na polícia.

Uma mulher morreu depois de 15 dias procurando atendimento médico, em cinco hospitais diferentes. Quantas reportagens você já viu na TV ou leu nos jornais sobre o sofrimento de pacientes em hospitais públicos? Foi com esta sensação que procurei o Hospital da Rede Sarah de Brasília, na tentativa de resolver um problema no quadril que já durava sete meses.

Perplexa, descobri um hospital público onde tudo, mas absolutamente tudo, funciona. Com hora marcada, com uniforme branco e amarelo para todos os pacientes, com lençóis nas mesmas cores, igualmente limpos, sem filas para exames, sem gente sofrendo nos corredores, com especialistas em todas as áreas, com espaço para fisioterapia tanto para crianças como para adultos, com oficinas ortopédicas e, principalmente, com pessoas dedicadas e delicadas. Não parece mentira? Mas não é. É assim que o Sarah de Brasília funciona. Para todos. Sem diferença de atendimento, sem precisar de pistolão de nenhuma espécie.

A pessoa telefona, explica seu caso, a pessoa do outro lado da linha anota, o caso é encaminhado para a área específica. Em casa, a pessoa recebe um telefonema agendando dia e horário para o atendimento. E, pasmem, quando a pessoa chega na entrada do hospital, o segurança olha na prancheta que ele tem nas mãos e, pelo nome da pessoa, indica a portaria certa do prédio onde a pessoa deve se dirigir.

E o susto continua no dia seguinte, quando você experimenta a palmilha indicada, recebe o par de bengalas que deverá usar por 45 dias e tem uma espécie de aula para aprender a andar com elas. E quando vai saindo, agradecida, ouve um médico explicar para uma senhorinha muito simples, que acabara de receber sua bengala e que parecia não acreditar em nada do que via ou vivia e tentava dizer a ele, meio envergonhada, que não teria dinheiro para pagar aquela bengala: “A senhora já pagou tanto a bengala quanto o atendimento quando a senhora pagou seus impostos”. Acredite se quiser. É possível ter saúde pública de qualidade. Eu vi e vivi. (publicado originalmente em O Dia Online)

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