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LOTAÇÃO E ANIMAIS MORTOS EM HOSPITAL QUE RECEBERÁ PACIENTES DO IASERJ

O Hospital Federal dos Servidores, na Gamboa, especializado no atendimento de alta complexidade, já foi reconhecido por autoridades nacionais e estrangeiras como o mais avançado hospital público da América Latina, ao ser inaugurado. Hoje, 65 anos depois, apresenta sinais de abandono. Mesmo assim, a unidade receberá até o final do mês os oito pacientes do Instituto de Infectologia São Sebastião — que funciona no Iaserj, cujo prédio será demolido para dar lugar ao novo centro de pesquisas do Inca.

Os oito pacientes a serem removidos do Iaserj, na Cruz Vermelha, para a unidade, na Gamboa, mesmo sendo casos de doenças infecto-contagiosas, não poderão ficar no setor de Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP). Ele está lotado, como denuncia o médico pediatra, hoje vereador pelo PSol, Paulo Pinheiro. Por isto serão instalados no quarto andar, aonde funcionou por muito tempo a nefrologia, hoje desativada. De acordo com Pinheiro, a área é pequena e não tem como ser expandida. “Lá não tem vaga. Trata-se de um setor pequeno que não tem como expandir, muito menos aumentá-lo de uma hora para outra”.

O vice-presidente da Comissão de Saúde, da Câmara Municipal sugeriu ainda que esses pacientes pudessem ser encaminhados para outras unidades como os Hospitais Universitários Clementino Fraga Filho e o Pedro Ernesto, mas também estão lotadas: “A estrutura precisa ser preparada”, conclui.

De acordo com informações do técnico de enfermagem há 29 anos nos Servidores da Gamboa, Antônio Carlos, a unidade apresenta falta de estrutura e, por conta disso, cirurgias são desmarcadas. Segundo ele, que trabalha no setor de urologia, falta material e pessoal. “Suspendemos de três a quatro cirurgias por plantão devido a falta de kit para colher sangue e funcionários de enfermagem”.

É a decadência daquele que já foi centro de excelência, por obra e graça do abandono de diversos governos. Cinco presidentes da república chegaram a se internar na unidade: José Linhares, Café Filho, Juscelino Kubistcheck, João Goulart e João Baptista Figueiredo. Tanto a passagem de Café Filho com a de Figueiredo naquele hospital foram noticiadas pelo Jornal do Brasil, respectivamente em novembro de 55 e setembro de 1981.

Antônio Carlos lamenta a degradação do hospital que, por atender diversificados setores, tem uma grande demanda, com pacientes vindos de todo o Estado do Rio. “O tomógrafo também está quebrado há muitos meses e o hospital não conta com o serviço de ressonância magnética, o que seria importante para os pacientes e médicos”.

Além da falta de equipamentos, outros riscos se escondem pelos antigos prédios — são três unidades. Próximo ao setor de infectologia, no 5º andar do anexo, um andar acima do setor que abrigará os oito pacientes vindos do Iaserj, há uma ala construída para ser o Instituto do Cérebro. O local desativado exibe um cenário de filme de suspense devido ao estado de abandono. Em um ambiente escuro, são encontradas cadeiras guardadas em uma sala empoeiradas, paredes se desfazendo devido ao tempo e animais mortos dentro do que seriam as salas de internação. Isso a 10 metros do setor de infectologia, que está lotado de pacientes com doenças infecto contagiosas.

Para o vereador Pinheiro, ali não podem ser colocados pacientes. “Era para ser transformada em uma área em referência de neurocirurgia. É dinheiro jogado fora, um setor abandonado”. O médico também aponta para o perigo de haver animais mortos em uma área que seja passagem de pacientes. “É um local de risco. Os pacientes estão sujeitos a doenças como a toxoplasmose”.

Paciente do setor de infectologia, a M. F. S., de 35 anos, faz tratamento no local há dois anos. Ela elogia o atendimento no hospital, mas reclama da falta de água e até de banheiros (masculino e feminino) no andar, já que os existentes estão desativados. “Muitas vezes não tem água para beber e raramente o banheiro funciona”. Ao saber da existência de salas desativadas com pombos mortos, M.F. ficou preocupada. “Isso é ruim porque devido ao nosso estado, estamos mais sujeitos a sermos contaminados”.

A assessoria de imprensa do hospital não informou o que será feito para acabar com a falta de água nos bebedouros, nem a interdição de banheiros do 5º andar. Sobre o setor desativado, o hospital se limitou a dizer que as obras foram suspensas devido a uma batalha judicial. A intervenção no local — iniciada em 1999 e concluída em 2001 — está sob suspeita de superfaturamento e irregularidade na construção. (informações do Jornal do Brasil)

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