Extraído de: Folha Online
Uma médica foi presa na madrugada desta quarta-feira no Rio por descumprir uma ordem judicial de internar uma mulher. Ela alegou que não havia leito disponível, acabou presa e levada para um distrito policial e depois foi liberada após prestar depoimento.
A médica Ana Murai foi presa quando estava de plantão no Iaserj (Instituto de Assistência dos Servidores do Estado do Rio) sob suspeita de descumprir a ordem do juiz do plantão Judiciário, André Nicolitt.
A decisão prevê a internação de Maria Elza da Silva Aquino, 64, no CTI (Centro de tratamento Intensivo) dos hospitais Cardoso Fontes, em Jacarepaguá (zona oeste do Rio), ou no Instituto Estadual de Cardiologia Aloísio de Castro, no Humaitá, (zona sul). Murai, que é coordenadora da Central Estadual de Regulação, negou as acusações à polícia e disse que não internou a paciente por não tinha leitos disponíveis.
“O juiz me deu duas horas para resolver um problema de madrugada que não tinha como ser resolvido. Não tinha leito disponível. É a primeira vez que passo por uma situação constrangedora por estar cumprindo o meu dever de médica. Eu estava trabalhando, fazendo as coisas. A gente tem um surto de gripe A, um bando de paciente morrendo e não pude trabalhar”, afirmou a médica.
Após ser presa ela foi levada para a 5ª DP (Gomes Freire), no centro, onde prestou depoimento e foi liberada na manhã de hoje.
“Eu cumpri três mandados judiciais ontem e não cumpri o dela não porque não quis, mas porque eu não pude cumprir, eu não tinha leito disponível para esta paciente. O caso específico dela precisava de unidade coronariana, não podia transferir para um leito que não era adequado para ela. Não pude explicar para o juiz antes de me prender”, disse a médica.
Maria Elza deu entrada no último sábado (25) no hospital particular Santa Maria Madalena, na Ilha do Governador (zona norte) com problemas cardíacos. Após ser atendida ela teve que ser transferida para um hospital público devido a restrições do seu plano de saúde.
Com isso uma ordem judicial foi expedida exigindo a abertura de uma vaga na rede pública. Enquanto a vaga não era aberta, ela permaneceu desde domingo (26) no aguardo na emergência do hospital particular.
A Folha Online tentou contato com parentes da paciente Maria Elza, mas ainda não conseguiu encontrá-los.