Os manifestantes que ocupam pacificamente as dependências do Hospital do Iaserj conseguiram evitar que funcionários da secretaria estadual de saúde levassem mais equipamentos da unidade, na noite de segunda (16/7) e na madrugada desta terça-feira (17/7). Os funcionários que se identificaram como sendo da secretaria estadual de Saúde chegaram em uma van acompanhados por uma viatura policial, às 21 horas. Do lado de fora estavam caminhões-baú, que transportariam o material.
Os servidores do Iaserj, dirigentes do Sindsprev-RJ e do Sindicato dos Médicos, cobraram dos funcionários da secretaria, um documento oficial. Ao diretor do Sindsprev, Mariano Maia, disseram que obedeciam a ordens superiores, mas não mostraram qualquer ofício determinado a remoção. Os manifestantes cobraram, também dos policiais, uma posição em relação ao comportamento ilegal que caracterizaria roubo dos equipamentos. Os policiais concordaram com o ponto de vista dos servidores, mas não impediram a retirada.
Emissoras de tevê estavam presentes e faziam imagens do material que era retirado do Pavilhão Clínico, mas não do hospital. Ao mesmo tempo, os manifestantes gritavam palavras de ordem sobre o comportamento ilegal e contra quem determinou a retirada, o governador Sérgio Cabral Filho, pressionando e exigindo o fim do procedimento. Como a remoção era ilegal, como foi a retirada dos aparelhos e pacientes no fim de semana, também sem os procedimentos previstos em lei, e havia testemunhas do seu ato ilícito, os funcionários da secretaria decidiram suspender a remoção.
O recuo foi comemorado pelos servidores, familiares de pacientes, pacientes, dirigentes sindicais e estudantes que fazem parte do movimento de resistência. “A sociedade civil está se manifestando contra a desativação e demolição do hospital, projeto imposto de forma autoritária por um governo ditatorial que usa de meios ilícitos para destruir um hospital, um crime contra a população”, afirmou Mariano.
Para o dirigente, a sociedade civil se manifesta de maneira inequívoca e crescente contra a ofensiva de Cabral contra o patrimônio público. “O pátio do Hospital do Iaserj está se transformando numa Praça Tahrir”, numa referência ao local que se tornou mundialmente famoso pelos protestos da população egípcia que puseram fim à ditadura de Hosni Bubarak. “Vamos resistir e iniciar um movimento pela saída de Cabral do governo do estado, por todas as atitudes que tem tomado contra o povo do estado do Rio”, disse o dirigente.
A diretora da Associação de Funcionários do Iaserj, Carmem Barbeito, frisou que a vigília vai continuar até que seja revisto o projeto de demolição do Hospital do Iaserj. “Não vamos permitir que mais este crime seja perpretado contra os mais de 9 mil pacientes atendidos, por mês, nesta unidade. O que o governador está fazendo é ilegal, inconstitucional e desumano e atende a interesses inconfessáveis”, afirmou. (informações do Sindsprev-RJ)