[Sérgio Domingues*] Em 13/05, várias entidades do movimento popular e sindical publicaram a “Carta à presidenta Dilma contra os leilões do petróleo e a privatização das hidrelétricas”. O documento queria o cancelamento dos leilões de petróleo previstos para 14 e 15 de maio.
Porém, os leilões foram realizados e 289 blocos de exploração de petróleo foram entregues ao setor privado. Renderam R$ 2,8 bilhões por reservas estimadas em mais de R$ 1 trilhão. São pelo menos 13,5 bilhões de barris à disposição de grandes exploradores de trabalho humano e do meio ambiente.
Mas o governo petista não se dedica apenas a privatizações escancaradas. As constantes e permanentes isenções fiscais para empresários representam uma privatização indireta de recursos públicos. O financiamento do MEC de vagas em universidades privadas é outro exemplo dessa prática.
Já na Saúde Pública, a mais recente medida foi a criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. A empresa é pública, mas de direito privado e contrata trabalhadores somente pela CLT. Começou a ser implantada nos hospitais universitários e já está fazendo estrago ao adotar critérios empresariais de gestão. O próximo passo é fazer o mesmo com os hospitais federais.
Não há proposta para atender clientes de planos de saúde na rede pública. Mas nem é preciso. O SUS já vem ampliando esse atendimento há muitos anos. Em 2012, foram mais de as 276 mil internações desse tipo, a um custo de R$ 537 milhões. Desse total, nem 100 bilhões foram reembolsados.
A carta dirigida a Dilma terminava assim: “Sem mais, aguardamos resposta”. A resposta veio sem meias palavras, mesmo para mau entendedor.
* Sociólogo, escritor e coordenador do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC).