Consumo em alta, acesso facilitado a crédito e o ganho na renda média são fatores que explicam o aumento do poder de compra da população brasileira na última década. Eles ajudaram o Brasil a alcançar a oitava colocação entre os maiores mercados consumidores do mundo, numa lista de 142 países pesquisados, segundo o Fórum Econômico Mundial.
Atualmente, quase a totalidade dos lares brasileiros tem acesso a fogão (98,7%) e geladeira (96,3%). Desta ótica, nossas cozinhas estariam próximas as do primeiro mundo. Nos Estados Unidos, 99% das residências possuem “kit cozinha” completo, formado também por uma pia com água encanada.
E é neste ponto que voltamos ao nosso posto de terceiro mundo. Apenas 55,8% dos domicílios brasileiros acessam saneamento básico, e 31,1% não têm pavimentação de rua. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) e do IBGE.
A oferta desses serviços básicos depende principalmente de investimento público, e quando olhamos de perto a execução orçamentária do Governo Federal conseguimos entender por que a população tem menos acesso à água tratada do que aos aparelhos televisores, presente em 97,2% das casas tupiniquins.
Segundo dados da Auditoria Cidadã da Dívida Pública, entre janeiro e agosto deste ano, a União investiu em saneamento apenas 0,02% de sua arrecadação, em habitação, 0,00%. No mesmo período, ela destinou 45,05% de seu orçamento para o pagamento da dívida pública (que engloba a dívida interna e externa).
Isso contribui para o crescimento vertiginoso dos lucros dos grandes bancos, que detêm a maior parte dos títulos da dívida pública brasileira. Não é para menos que crédito deixou a casa de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2002 e saltou para 51% em agosto deste ano. (informações do Sintrajud-SP)
