O Coronavírus Covid-19 é uma pandemia, uma epidemia mundial fora de controle. No Rio de Janeiro, em plena época de pico de doenças como a dengue, foi declarada emergência sanitária, pois o sistema de saúde estadual já está sobrecarregado. Diante disso, é preciso agir com responsabilidade.
Deve-se pensar nas próprias famílias e na própria saúde. Servidores públicos têm um compromisso com a sociedade e o importante neste momento é não colaborar com o agravamento de uma crise. A vida deve ser mais importante que metas e produtividade.
Não é férias
O período de teletrabalho, home office ou quarentena não é período de férias. É preciso adotar medidas para evitar aglomerações, pois elas são fatores de risco para disseminar o vírus.
Estima-se que em 20% dos infectados poderá haver alguma complicação maior e é este o fator que sobrecarrega o sistema de saúde e que pode ser a diferença entre a vida e a morte para os casos mais graves, geralmente de pessoas que pertencem ao grupo de risco.
O grupo de risco do Coronavírus é formado por idosos, pessoas com doenças respiratórias, doentes crônicos, gestantes e pessoas com imunodepressão, entre outros. Todo mundo conhece e estima pelo menos uma pessoa que esteja em um desses grupos e quase certamente alguém que combina dois ou mais fatores de risco.
A infecção pelo Coronavírus tem como sintomas febre, tosse geralmente seca e dificuldades para respirar, podendo ser confundido até com um resfriado comum. No entanto, vários pacientes não apresentam quadro completo ou são assintomáticos, mas seguem transmitindo o vírus, que é também transmissível durante a incubação, que pode chegar a 14 dias. Por isso que é preciso evitar o contato pessoal.
Assim, não se recomenda sair de casa durante o período de distanciamento social. Só saia em caso de extrema necessidade, como comprar alimentos e remédios (mesmo assim, você estará exposto). Se teve contato com possível doente, recomenda-se adotar quarentena voluntária de 14 dias. Se apresentar sintomas, é sinal de infecção.
Não faça como o presidente da República, que fez uma viagem oficial em que mais de uma dezena de pessoas da comitiva se infectou, tem suspeita de infecção, incentivou aglomerações e, pior, saiu do isolamento que era necessário e colocou a vida de milhares de pessoas ao interagir com apoiadores, apertando mãos, mexendo em aparelhos celulares de outras pessoas. Praticamente tudo que não se poderia fazer neste momento.
A irresponsabilidade dele pode ter significado a infecção de milhares de pessoas de maneira direta e indireta e ter sido a diferença entre o controle da epidemia e o caos na saúde de Brasília e também no resto do país com as aglomerações incentivadas. Epidemiologistas calculam que cada pessoa infectada é capaz de transmitir o Coronavírus para cerca de 4 outras pessoas em média. Se cada um dos quatro infecta outros sem isolamento, são 16 infectados, depois 64 e assim por diante.
Algo parecido aconteceu na Coreia do Sul, em que uma paciente infectada ignorou as ordens de repouso e isolamento, participou de dois cultos religiosos com mais de mil pessoas (uma aglomeração que não pode ser feita, inclusive), visitou hospital, foi a um funeral e se envolveu em acidente de trânsito. Desta corrente, estima-se que mais de 6 mil casos naquele país possam ter vindo da falta de responsabilidade de apenas uma pessoa.
Durante o período de distanciamento social, recomenda-se não visitar as pessoas. Você pode estar disseminando o vírus sem saber e poderá atingir pessoas vulneráveis. Por outro lado, você pode ser vulnerável e acabar se expondo a riscos desnecessários. É melhor sentir um pouco de saudade agora que sentir saudades para sempre.
Assim, adie aquela festa, aquele churrasco, aquela ida ao bar ou aquela visita com parentes mais de longe ou amigos. Há tecnologia para se manter comunicando-se. É um tempo de sacrifícios e o ser humano é um animal social. Há um bem maior diante disso que é evitar que o caos na saúde pública piore e vidas sejam perdidas por isso.
Frear a curva de infecção é permitir que as pessoas não adoeçam rapidamente. É dar tempo também para que, caso o Coronavírus continue infectando, seja aos poucos, sem sobrecarregar os sistemas de saúde, permitindo melhor recuperação dos doentes e, quem sabe, já com remédios mais adequados que estão sendo pesquisados. De repente, pode ser a tempo de, quem sabe, uma vacina ser desenvolvida (vários países estão trabalhando para isso) e esta possa ser usada para imunizar primeiro aqueles que mais complicações poderão ter.
No dia a dia
Evite aglomerações desnecessárias. É preciso ressaltar isso. O distanciamento social permite que o vírus infecte menos pessoas e pode quebrar a cadeia de contaminação.
Lave bem as mãos com água e sabão. Especialistas recomendam que o tempo de lavagem seja por volta dos 20 segundos. Caso não tenha água e sabão disponível, utilize desinfetantes a base de álcool ou álcool gel.
Higienize bem os ambientes usando álcool ou desinfetantes de uso comum com hipoclorito. Não compartilhe celulares, tablets e aparelhos eletrônicos em que há contato físico.
Se espirrar ou tossir, que seja no antebraço ou em lenços de papel. Descarte-os.
Mantenha distância de pelo menos dois metros de quem tossir ou espirrar.
Em caso de sintomas leves, siga em casa. Mas ao sentir complicações, como falta de ar forte ou febre prolongada por pelo menos três dias, busque uma unidade básica de saúde, pois lá seu estado será avaliado pelas equipes médicas. Evite ir ao médico por qualquer motivo menor, pois você corre o risco de se infectar de fato com os doentes que lá estão.
A sua responsabilidade pode ajudar sua cidade, seu estado e seu país a superar esta crise. Faça sua parte!
A vida está acima da economia, por isso a EC 95 precisa ser derrubada
A vida está acima da economia. Por isso, é importante também a luta política a favor da vida. Em 2016, foi aprovada a Emenda Constitucional (EC) 95.
Ela tem responsabilidade pela falta de recursos na saúde, pois limitou os recursos da Saúde, assim como da Educação, no orçamento da União ao valor do ano anterior, com correção apenas da inflação medida pelo IPCA.
Com esta limitação, por exemplo, o orçamento de saúde de 2019 ficou cerca de R$ 20 bilhões abaixo do que seria sem a EC 95 em vigor. Na prática, ela tem responsabilidade pela epidemia recente de sarampo e pelo agravamento de epidemias recentes de dengue, pois os governos perderam dinheiro para ampliação de atendimento, melhoria de equipamentos, contratação de pessoal, compra de medicamentos e campanhas de vacinação.
Toda esta redução de investimentos faz com que o país esteja menos preparado para uma pandemia do que deveria. Assim, urge que a Emenda Constitucional 95 seja revogada, retomando na prática a política de piso de 15% de investimento do governo em Saúde, que na prática não está sendo feito por causa das regras da emenda.
Derrubar a EC 95 é uma luta pela vida de todos os cidadãos brasileiros!
Fonte: Sindjustiça-RJ